Sobe para 58 o número de mortes confirmadas em naufrágio de
balsa na Coreia do Sul. O acidente aconteceu na quarta-feira e a embarcação
contava com 476 pessoas a bordo, sendo mais de 350 estudantes de nível médio da
cidade de Ansan. Apenas 174 foram resgatados com vida e 244 seguem desaparecidos.
Os corpos foram colocados em barracas instaladas na ilha de
Jindo, onde parentes dos passageiros da balsa acampam em um ginásio desde o
naufrágio, para a tentativa de identificação. Boa parte dos 500 mergulhadores
que trabalham no local da catástrofe são voluntários civis.
Marcha de protesto até Seul
Na manhã de domingo, quase 200 pessoas, parentes dos mortos
e desaparecidos, retomaram uma passeata de protesto de Jindo até a sede da
presidência em Seul, uma distância de 420 quilômetros.
Quando foram impedidos de cruzar a ponte que leva à terra
firme e foram obrigados a retornar, os manifestantes iniciaram uma briga com a
polícia.Capitão acusado de negligência
O capitão Lee Joon-seok e dois membros da tripulação foram
detidos neste sábado e terão que responder por acusações de negligência e
falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo.
O homem de 69 anos tem sido muito criticado por ter
abandonado a embarcação que naufragou na quarta-feira na costa meridional da Coreia
do Sul, enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem
escolar, permaneciam presas a bordo.
Das 476 pessoas a bordo, mais de 350 eram estudantes da
mesma escola de nível médio na cidade de Ansan (ao sul de Seul). Apenas 174
pessoas foram resgatadas com vida.
Os familiares receberam neste sábado uma mensagem de pêsames
do papa Francisco, que tem uma visita programada ao país em agosto. “Rezem
comigo pelas vítimas da catástrofe da balsa na Coreia do Sul e por suas
famílias”, escreveu o pontífice no Twitter.
Decisão de adiar a saída
O subdiretor da Guarda Costeira, que afirma ainda ter
esperanças de encontrar sobreviventes, informou que serão instaladas redes ao
redor da balsa para impedir o afastamento dos corpos. O capitão e dois
tripulantes foram levados para a delegacia de Jindo, a ilha vizinha ao local da
tragédia.
Lee Joon-seok tentou explicar os motivos de sua decisão de
adiar a saída dos passageiros depois que a embarcação ficou imobilizada.
As 476 pessoas que estavam a bordo receberam ordem para que
permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos, segundo sobreviventes.
Quando a balsa começou a afundar, era muito tarde, já que os
passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo
que a água dominava a embarcação. “Naquele momento (durante os 40 minutos
posteriores ao choque), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não
havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar”, declarou
o capitão com a cabeça abaixada e coberta por um capuz.
“As correntes eram fortes e a água estava muito fria. Pensei
que os passageiros seriam arrastados e teriam dificuldades se a retirada
acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas”, disse. “E teria acontecido o
mesmo com coletes”, acrescentou.
Revolta dos parentes
Não foram encontrados sobreviventes desde a manhã de
quarta-feira. Os 174 sobreviventes foram resgatados poucas horas depois do
naufrágio, no mar ou quando pulavam da balsa que ainda afundava.
A embarcação transportava 476 pessoas, incluindo 352
estudantes do colégio Danwon de Ansan, uma localidade ao sul de Seul, que
estavam em uma viagem escolar.
O vice-diretor da escola, que havia sobrevivido à
catástrofe, foi encontrado enforcado na sexta-feira, em um aparente suicídio.
“Sobreviver é muito difícil… Eu assumo toda a responsabilidade”, escreveu em
uma carta encontrada em sua carteira, segundo a imprensa local.
A revolta dos familiares aumentou nas últimas 48 horas. Os
pais acusam as autoridades e os serviços de emergência de incompetência e
indiferença. “Não temos muito tempo. Muitos acreditam que é o último dia
possível para encontrar passageiros vivos”, disse Nam Sung-Won, que tinha um
sobrinho de 17 anos a bordo. “Depois de hoje, tudo estará acabado”, completou.
A causa do acidente ainda não foi determinada. As
informações da Marinha indicam que a balsa girou bruscamente antes de enviar um
sinal de socorro. O choque pode ter desequilibrado a carga – 150automóveis – e
inclinado a embarcação.
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